Filed under: BOLIVIA
Filed under: BOLIVIA
demorou-me para fazer as pazes com la paz. mais exótica, só a lua.
países frios são muito melhores para blogues. sem pretender fazer uma extensiva caracterização climática das regiões mais indicadas para a produção de blogues, mas com vontade de dizer meia dúzia de balelas para avivar o mmux, achou-se até hoje difícil encontrar melhor clima para blogues do que o de la paz. a altitude, quatro mil e tais metros, não permite aos criadores de blogues mexerem-se muito sem cansar. Mas são os quatro graus negativos a levar toda a gente para casa e a tornar a cidade num deserto gelado assim que o relógio toca as nove badaladas, o factor mais importante para a produção do blogue. a pasmaceira, e outras qualidades de igual categoria, davam ao blogue um terroir especial.
a cultura do blogue é menos viável em climas temperados para quentes, acima dos 23 graus. as regiões com temperaturas médias em torno dos 28 graus centígrados por pelo menos seis a oito meses são as menos productivas.
o blogue é especialmente bom para ajudar a tolerar períodos de seca fria durante o seu desenvolvimento, e tais ocorrências aumentam-lhe a productividade. quando, em seguida a períodos secos frios, sobrevêm os dias quentes e húmidos, não lhe surgem rachaduras na superfície mas o blogue acaba por nem andar nem desandar, o que deprecia de sobremaneira o produto.
pensa-se que talvez a época das chuvas em climas tropicais seja mais propícia ao acto de crescimento do blogue, quando comparada com a época seca, altura em que o blogue e o seu dono têm que fazer enormes esforços de sobrevivência. o mais práctico, porém, é preparar previamente o terreno e fazer o plantio mais tarde, após as primeiras chuvas.
quanto aos solos, os dos países tropicais, dificultam o desenvolvimento aos blogues, tornando-os mal conformados e desuniformes. demonstrado pela ciência está que as terras argilosas, pesadas que se tornam endurecidas nos períodos secos, e pedregosas (e.g. la paz) essas é que são as mais indicadas para a cultura do blogue. mas para qualquer outra coisa mais agradável, tipo fumar um cigarro fora de casa, dar mergulhos na piscina, ir a concertos de jazz, beber bebidas com gelo, cansar-se mais ao fim de semana que durante a semana, ficar horas à conversa, ter um ambiente relax q.b., para estas coisas, essas terras não são as mais indicadas.
como a timor telecom, a entel boliviana e a voilá haitiana. quase, quase 100%. by the way, já alguém disse aos sócios da TT que nem a merda do skype funciona com a porcaria de rede que eles têm? e que custa 1 dólar de cada vez que um gajo tenta e não funciona na mesma? é só mais 50 vezes do que para países normais. adequado, não? venham os Telstras.
chega o honorable alcalde, o senhor general, o senhor vice-ministro, e os outros.
obviamente, tudo foi preparado com rigor. os cartazes agradecem a todos. coincidentemente escritos com a mesma letra.
canta-se o hino
fazem-se os discursos – uns melhores que outros, num país politizado é melhor fazer maus discursos do que bons, ou pelo menos assim me tento desculpar. antes de mim vem alguém que diz “e assim inauguramos esta vila que se chama – laaaa niña autonóóómmica!!!”. “boa…, já estás…”
torra-se ao sol
aguentam-se os cartazes até ao fim
entregam-se as chaves ao honorável alcalde. vem um gajo com uma almofadinha com as chave gigante e pergunta-lhe o je “dou-lhe a almofada ou dou-lhe só a chave”. “só a chave, faz favor”. “ok”.
saca-se a fotografia com o doador e a equipa de trabalho. tudo contente. as gémeas vieram mesmo a calhar.
dá-se uma volta pelo bairro e descobrem-se lojas que já abriram (esta senhora não se mudou hoje…)
tiram-se mais fotografias para mandar para a europa
e vai-se almoçar contente, que a festa foi rija.
amanhã, la paz-miami. depois de amanhã miami-porto do principe. outros vôos. à bientôt.
Filed under: BOLIVIA
logo às 8 da manhã ao chegar ao aeroporto, a tentar fugir da comitiva para fumar um cigarro. vamos primeiro à alcaldia, dizem. chegados, sessão extraordinária do consejo. “que es deber del Gobierno Municipal Autónomo dar la bienvenida y distinguir a tan dignas personalidades, así como desearle una grata permanencia entre nosotros” dizem. “por tanto: el Gobierno Municipal de Trinidad DECLARA:”
há dias que começam bem. o miúdo da comitiva leva com uma ordenanza municipal que até apita. fiiiiiiixxxeee. e de uma cidade que se chama “santísima trinidad”. abençoado.
e asi me voy.
Filed under: BOLIVIA
que tenha passado o tempo e que me esteja a pirar de la paz. dureza da pura, um frio do caraças, país estranho. “peró nuño, que de bonito llevas de bolivia?” pergunta-me uma das boas pessoas que se deu a conhecer. “bueno, llevo este casaco…”. era piada. levo muitas mais coisas. por exemplo, levo muitos mais glóbulos vermelhos, muitos mas muitos mais. e a opinião, dividida, em relação à gente. uns muito bons, outros excepcionalmente – ainda se escreve com pê? – inseguros, pequenitos tiranos. vi as lamas, e os lagos, andei nos rios e nas florestas, desci montanhas. li jornais e comi morangos desde o dia que cheguei. porreiro, bom para os turistas. mas puuutcha, desenfreadamente chata para morar.
fechada no meio das montanhas, la paz é um enclave e experiências em enclaves demoram tempo a mastigar. diz o experto. a ver se das antilhas lhe vejo mais brilho. pode ser. que um dia cheguem saudades da vidinha urbano-montanhesa – o que desafortunadamente será pouco provável.
Filed under: BOLIVIA
noutro país: hoje o senhor das notícias abria o espectáculo com os olhos bem abertos e a voz endurecida pela fatalidade. e dizia, com sotaque do porto, “esta tarde, às 15:45 estourou na avenida mais concorrida da capital um engenho explosivo de grande potência. não há registo de feridos nem de danos materiais de monta. à hora da explosão a avenida encontrava-se cheia de gente, que assim que ouviu o estrondo foi o ver se te avias e cada um começou a correr para seu lado. vamos agora entrevistar uma senhora que estava perto do lugar da explosão” voz esganiçada “ai minha nossa senhora, foi horrível, eu não sabia de onde vinha a explosão, cada um começou a correr para se abrigar, foi horrível” e continuava o senhor das notícias, com imagens de fumo “vemos agora umas imagens recolhidas momentos depois com telemóvel. a polícia fechou de imediato a área ao trânsito e evacuou os edifícios nas imediações. as investigações continuam”.
neste país: vem uma manifestação de mineiros pela avenida principal abaixo que às 15:45 pára mais ou menos à frente do meu escritório. eles gritam palavras de ordem, mascam a coca e depois sentam-se para descansar. nós continuamos a trabalhar que isto é o pão nosso de cada dia. eles, já descansados, rebentam uma carga de dinamite incrível – pelo menos muito maior que as que os outros costumam rebentar. os coleguinhas continuam impávidos a escrever os “informes”, sem saltar na cadeira, sem desviar os olhos do computador. só um é que olhou para a janela e soltou um “pu-tcha!”. e pronto. voltou a escrever o “informe”.
como o nuñez gosta é de ilhas e praias, passou o dia a encaixotar as tralhas. falta uma semaninha para voltar a ver o mar. guilherme, bela ideia, esqueceste-te desta. deve dar uma bela boneca.